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05/04/2016 às 11h16 05/04/2016 às 14h44

'Sou contra a brutalidade policial e injustiça'; leia a entrevista completa de Beyoncé para ELLE

'Eu espero que eu possa criar arte que ajude a curar as pessoas'.
Cantora diz não ser contra policiais com sua mensagem em 'Formation'.

Beyoncé para a ELLE Magazine; maio de 2016 (Foto: Divulgação/ELLE)

A "ELLE Magazine" liberou nessa terça-feira, 5, a entrevista completa de Beyoncé para a publicação. A cantora será a capa de maio da revista em 45 edições ao redor do mundo. Confira o artigo traduzido abaixo.

Vamos começar pela Ivy Park. Há quanto tempo você vem trabalhando nela?

"Eu compro na Topshop há, provavelmente, 10 anos e é um dos únicos lugares onde eu mesma posso fazer minhas compras. Isso faz eu me sentir como uma adolescente. Sempre que eu estava em Londres, era como um ritual para mim - eu me disfarçava com meu chapéu e me divertia perdida nas roupas. Eu acho que ter uma filha e envelhecer me fez pensar mais na saúde e esse lado fitness. Eu percebi que não havia uma marca esportiva para mulheres como eu, ou minhas dançarinas, ou minhas amigas. Nada aspiracional para meninas como minha filha. Eu pensei na Ivy Park como um lugar idílico para as mulheres como nós. Entrei em contato com a Topshop e me encontrei com Sir Philip Green [Chefe Executivo da empresa matriz, Arcadia]. Eu acho que ele originalmente pensou que eu queria fazer um contrato de patrocínio, como já fizeram com outras celebridades, mas eu queria uma sociedade. Eu lhe mostrei a idéia, a missão, o propósito, a estratégia de comercialização - tudo na primeira reunião. Eu acho que ele ficou muito chocado e concordou com uma parceria 50-50(%)."

Você já fez coleções de moda antes. O que você aprendeu dessa vez?

"Eu aprendi que você tem que estar preparada, e quando você visualizar algo, você tem de se comprometer e mãos à obra. Tivemos inúmeras reuniões; procuramos e fizemos testes com estilistas durante meses. Eu sabia que a engenharia do tecido e o ajuste tinha que ser a primeira prioridade. Nós fizemos tudo no nosso tempo, desenvolvemos tecidos técnicos personalizados e tentamos nos concentrar em aprimorar as linhas esportivas. E porque eu passei minha vida treinando e ensaiando, eu sabia muito bem o que eu queria. Eu estou suando, eu estou fazendo movimentos - por isso criamos uma legging de cintura alta que te ajuda quando você está de fato se movendo e se desafiando."

Sobre o que você está mais animada na coleção?

"Há um ajuste invisível em nossas roupas que aperta e levanta seu bumbum de modo que quando você está em uma bicicleta, ou quando você está correndo ou pulando, você não sinta um balançar extra. E há pequenas coisas como quando um top fica debaixo dos braços e todas as áreas no corpo de uma mulher com as quais estamos constantemente trabalhando. Eu fui muito específica sobre as coisas que eu sinto que eu preciso em uma roupa, como uma mulher curvilínea e apenas como uma mulher em geral, para que você se sinta segura e coberta, mas também sexy. Tudo levanta e define sua cintura, realçando a forma feminina. Nós incorporamos alguns recursos encontrados em linhas esportivas para homens que eu sonhava em serem adaptados para roupas femininas. Nós trabalhamos nas tiras, tornando-as mais durável para o máximo apoio. Mas a base para mim é o ajuste e a engenharia de tecidos respiráveis, tecnicamente avançados."

Quão importante foi a característica da marca - a idéia de amor próprio, de meninas e mulheres se unindo?

"Essa é realmente a essência: celebrar cada mulher e o corpo no qual ela está enquanto, ao mesmo tempo, sempre se esforçando para ser melhor. Eu dei o nome de Ivy Park porque um parque é a nossa comunhão. Todos nós podemos ir lá, somos todos bem-vindos. É qualquer lugar que criamos para nós mesmos. Para mim, é o lugar de onde vem minha direção. Eu acho que todos nós temos um lugar para onde vamos quando precisamos lutar por algo, definir nossos objetivos e realizá-los."

Você falou no passado sobre a pressão do perfeccionismo.

"Na verdade é falar sobre uma mudança de conversa. Não é sobre a perfeição. Trata-se de propósito. Temos que nos preocupar com nossos corpos e o que colocamos neles. As mulheres têm que ter o tempo para se concentrar em sua saúde mental - ter tempo para si mesma, para o espiritual, sem se sentir culpada ou egoísta. O mundo vai ver você da maneira que você vê a si mesmo, e te tratar da maneira como você trata a si mesmo."

Como você se sente no papel de empresária, comandando sua própria empresa?

"É emocionante, mas ter o poder de tomar cada decisão final e ser responsável por elas é, definitivamente, um fardo e uma bênção. Para mim, o poder é fazer as coisas acontecerem sem pedir permissão. É afetar a maneira como as pessoas percebem si mesmas e o mundo ao seu redor. É fazer as pessoas se elevarem com orgulho."

Tornar-se mãe intensificou aquele desejo de tornar o mundo de alguma forma melhor?

"É claro. Como qualquer mãe, eu quero que minha filha seja feliz, saudável e que tenha a oportunidade de realizar seus sonhos."

Como você quer fazer as coisas diferente para geração de sua filha?

"Eu gostaria de ajudar a remover a pressão que a sociedade coloca sobre as pessoas para se adaptarem a uma determinada área."

Beyoncé para a ELLE Magazine; maio de 2016 (Foto: Divulgação/ELLE)

Quais as lições seus pais te ensinaram?

"Muitas... o dom de ser generosa e cuidar dos outros. Isso nunca me deixou. Eu também aprendi que o seu tempo é o bem mais valioso que você possui e que você tem que usá-lo com sabedoria. Meus pais me ensinaram a trabalhar duro e de forma inteligente. Ambos eram empresários; eu os vi lutar trabalhando 18 horas por dia. Eles me ensinaram que nada que vale a pena ter vem fácil. Meu pai insistia em disciplina e foi duro comigo. Ele me pressionava para ser uma líder e uma pensadora independente. Minha mãe me amou incondicionalmente, então eu me sentia segura o suficiente para sonhar. Com ela eu aprendi a importância de honrar minha palavra e os compromissos. Uma das melhores coisas sobre a minha mãe é a sua capacidade de sentir quando eu estou passando por um momento difícil. Ela me manda mensagens com orações poderosas e elas sempre vêm bem quando eu preciso delas."

Durante a turnê "Mrs. Carter Show", você parecia abraçar o seu poder de uma nova maneira - iluminando a palavra Feminista em letras cor-de-rosa nos telões do palco. O que fez você decidir adotar esse termo?

"Eu coloquei a definição de feminista na minha música [***Flawless] e na minha turnê, não para fazer propaganda ou para anunciar ao mundo que eu sou uma feminista, mas para dar clareza ao verdadeiro significado. Eu não tenho certeza de que as pessoas sabem ou entender o que é uma feminista, mas é muito simples. É alguém que acredita em direitos iguais para homens e mulheres. Eu não entendo a conotação negativa da palavra ou por que ela deve excluir o sexo oposto. Se você é um homem que acredita que sua filha deve ter as mesmas oportunidades e direitos que o seu filho, então você é feminista. Precisamos que homens e mulheres entendam os padrões duplos que ainda existem neste mundo e nós precisamos de ter uma conversação real, para que possamos começar a fazer mudanças. Pergunte a qualquer pessoa, homem ou mulher, 'você quer que sua filha ganhe 75 centavos quando ela merece 1 dólar?' Qual você acha que será a resposta? Quando falamos de direitos iguais, há questões que enfrentam as mulheres de forma desproporcional. É por isso que eu quis trabalhar com [as organizações filantrópicas] Chime For Change e Global Citizen. Elas entendem como questões relacionadas com a educação , saúde e saneamento em todo o mundo afetam toda a existência de uma mulher e a de seus filhos. Eles estão colocando os programas em vigor para ajudar as jovens que, literalmente, enfrentam a morte, porque elas querem aprender, e para impedir que as mulheres morram durante o parto porque não há acesso aos cuidados de saúde. Trabalhar para fazer essas desigualdades desaparecerem é ser feminista, mas mais importante, faz-me uma humanista. Eu não gosto ou apoio qualquer rótulo. Eu não quero me chamar de feminista para dar a entender que essa é a minha principal prioridade além do racismo ou o sexismo ou qualquer outra coisa. Estou apenas exausta de rótulos e cansado de ser rotulada. Se você acredita em direitos iguais, da mesma maneira como a sociedade permite que um homem expresse sua cor negra, sua dor, sua sexualidade, sua opinião - eu sinto que as mulheres têm os mesmos direitos."

O que você tem a dizer para aqueles que acham que você não pode ser feminista e também abraçar a sua feminilidade?

"Nós todos sabemos que isso não é verdade. Escolher ser uma feminista não tem nada a ver com a sua feminilidade - ou, nesse caso, a sua masculinidade. Nós todos não somos apenas uma coisa. Nem todo mundo que acredita em direitos iguais para homens e mulheres falam do mesmo jeito, ou se vestem iguais, ou pensam iguais. Se um homem pode fazer algo, uma mulher também deve ser capaz de fazê-lo. É simples assim. Se o seu filho pode fazer algo, sua filha pode ser capaz também. Algumas das coisas que ensinamos nossas filhas - permitindo-lhes expressar as suas emoções, sua dor e vulnerabilidade -, também temos de permitir e apoiar os nossos homens e meninos a fazer o mesmo."

Você acha que marcou um ponto em sua vida quando você percebeu que tinha poder de verdade?

"Eu diria que eu descobri o meu poder após o primeiro álbum do Destinys Child [lançado em 1998]. A gravadora não acreditava que éramos estrelas pop. Eles nos subestimaram, e por causa disso eles nos permitiram escrever nossas próprias canções e tratamentos de vídeo. Acabou por ser a melhor coisa porque foi aí quando eu me tornei uma artista e assumi o controle. Não foi uma coisa consciente. Foi porque nós tínhamos uma visão para nós mesmas e ninguém se importava em nos perguntar qual era essa visão. Então a criamos por conta própria e uma vez que foi bem sucedida, eu percebi que tínhamos o poder de criar qualquer visão que queríamos para nós mesmas. Nós não tivemos que passar por outros compositores ou ter a gravadora criando nossas táticas de lançamento - nós tínhamos o poder de criar essas coisas nós mesmas."

O que você acha que as pessoas não entendem sobre quem você realmente é, e em particular sobre a mensagem que você passou com 'Formation'?

"Digo, eu sou um artista e eu acho que a arte mais poderosa é geralmente mal interpretada. Mas qualquer um que recebe a minha mensagem como anti-polícia está completamente equivocado. Tenho muita admiração e respeito pelos policiais e pelas famílias de policiais que se sacrificam para nos manter seguros. Mas vamos ser claros: Eu sou contra a brutalidade policial e a injustiça. Essas são duas coisas separadas. Se celebrar minhas raízes e cultura durante o mês da História Negra (fevereiro) fez alguém se sentir desconfortável, esses sentimentos estavam lá muito antes de um vídeo e muito antes de mim. Estou orgulhosa do que nós criamos e eu estou orgulhosa de ser parte de uma conversa que está impulsionando as coisas de uma forma positiva."

O que você quer alcançar com a próxima fase de sua carreira?

"Eu espero que eu possa criar arte que ajude a curar as pessoas. Arte que faça as pessoas se sentirem orgulhosas de suas lutas. Todo mundo experimenta a dor, mas, às vezes, você precisa ficar desconfortável para se transformar. A dor não é legal - mas eu não fui capaz de segurar minha filha em meus braços até que eu experimentei a dor do parto."

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